Lucy: 50 anos do fóssil humano mais antigo

Lucy: 50 anos do fóssil humano mais antigo

22 de Abril, 2024 0 Por Claudio Rangel

Lucy é mesmo  fóssil humano mais antigo? Há quem duvide. Em 1974, uma descoberta na região de Hadar, na Etiópia, mudou a compreensão que temos sobre nossas  origens. Foi datado de 3,18 milhões de anos atrás. Ao ser econtrado, abalou o mundo científico como um dos achados mais significativos. Os paleontólogos então acreditaram que o achado lançava  luz sobre a evolução humana.

A revista Science publicou um novo estudo em que comemora o aniversário da descoberta de Lucy, revisitando seu impacto e as recentes revelações e controvérsias sobre nossa ancestralidade.

Porém, a estrela da vez é a Lucy. Também por conta da forma como o fóssil recebeu o nome. Quando uma equipe liderada por Don Johanson, um jovem paleoantropólogo americano do Museu de História Natural de Cleveland, esbarrou naqueles restos fossilizados, eles ouviam um clássco dos Beatles. a música Lucy In The Sky Whith Diamonds. Começava naquele momento um verdadeiro desafio sobre os antepassados humanos.

Além disso, colocou  a Etiópia como o berço da humanidade. Afinal, Lucy é um fóssil de mais de 3 milhões de anos. Vale lembrar que os geneticistas acreditavam que o achado marca a  separação entre os ancestrais dos humanos e dos chimpanzés.

 Quem foi Lucy

De acordo com pesquisadores, aquela que seria a primeira mulher conseguia andar com as duas pernas. Fato que difere o homem dos símios. O fóssil tem 40% dos ossos. A altura estimada é de apenas 1 metro. Tinha 75% do corpo coberto por músculos e vivia na África.

Da descoberta à fama, Lucy hoje é uma iconografia cultural, influenciando até mesmo nomes de cafés e táxis na Etiópia. Sua fama ultrapassou fronteiras, atraindo a atenção de chefes de estado e curiosos por onde passava. Em 2000, Zeresenay Alemseged, então trabalhando no Museu Nacional da Etiópia, descobriu o “filho de Lucy”, um esqueleto parcial de uma criança da mesma espécie, ampliando ainda mais o fascínio em torno dessa figura ancestral.

Novas pesquisas contestam

No entanto, novas pesquisas e descobertas ao longo dos anos começaram a desafiar o lugar de Lucy na árvore genealógica humana. Inicialmente considerada a ancestral direta do gênero Homo, novos fósseis sugerem que a história é mais complexa. Pesquisadores como Yohannes Haile-Selassie, diretor do Instituto de Origens Humanas da Universidade do Estado do Arizona, propõem que a árvore genealógica humana, na verdade, se assemelha mais a um arbusto com múltiplos ramos crescendo lado a lado.

Apesar das controvérsias e debates acalorados entre os paleoantropólogos, o consenso é que nenhum ancestral humano conhecido teve o impacto de Lucy. Seu esqueleto, 40% completo, serviu como um modelo crucial para a montagem dos ossos isolados de dezenas de outros membros de sua espécie, fornecendo uma visão detalhada de nosso passado.

Cinquenta anos após sua descoberta, Lucy ainda é uma figura central nos estudos sobre a origem humana. Ela simboliza a busca incessante pela compreensão de onde viemos. Seu legado, preservado no Museu Nacional da Etiópia em Addis Abeba, continua a inspirar e fascinar, reforçando o papel da Etiópia como o palco onde se desenrola a longa e intrincada história da evolução humana.