A Cabala Dogmática

A Cabala Dogmática

14 de Janeiro, 2014 0 Por Marcos Moura

Vamos procurar entender o significado de Dogma. As pessoas de um modo geral têm preconceito com a palavra Dogmática. Uma coisa ou um ensinamento é Dogmático, quando é possível de ensinamento de explicações, mas sem a exigência de provas. Estas provas poderiam ser impossíveis, inexistentes ou desnecessárias.

Digamos remendando um exemplo, que alguém em sua melhor saúde e raciocínio, peça que lhe expliquem o significado da palavra “ontem”. Qualquer criança poderia explicar-lhe que ontem é ou foi o dia anterior de hoje. Pronto está explicado, mas provem… É um dogma…

A Cabala Dogmática é aquela parte mais atraente e melhor elaborada, por esta razão atrai as pessoas à discussão. Estimula milhares à tentativa de ampliação de sorte que; às vezes, a boa vontade de alongar uma explicação resulta em mutilação da ideia original.

A Alma

Foi naquela ocasião em que Moisés estava mergulhado na mais profunda elucubração mental dentro da cripta de Jethro, que ele esbarrou com uma atualidade inaudita: no Gênesis, Psique, a alma humana, é denominada Aishá, outra palavra para Eva. Seu lar é shamaim, “Céu”. Ali ela vive feliz e bem aventurada do Divino éter, embora destituída de autoconhecimento. Desfruta do Céu sem o compreender. Para compreender, precisa primeiro ter esquecido e, depois, lembrado; para amar, precisa primeiro ter perdido e, depois, reconquistado. Somente pela dor e a queda pode vir a conhecer e compreender.

Ele então se conscientizou de que Aishá desce a terra deste pedestal celeste para vestir a roupagem de mísero mortal. Atraída para o mundo material pelo desejo de conhecimento, de percepções, memória, emoção e de todos os atributos mortais; ela se deixa cair ou descer de sua elevada frequência para poder entrar em ressonância com as Vibrações Astrais deste plano. Assim, Aishá deixa de ser aquela alma pura de vibrações prístinas e entra no emaranhado das vibrações grosseiras, pesadas e veste uma indumentária de um corpo humano físico de carbono, azoto e amoníaco… Prende-se os Ciclos das Encarnações.

É aqui que entendemos o sentido daquela balança formada pelas letras Alef, Mem e Shin; aquele sentido de equilíbrio explicado no capítulo II do Sêfer Ietsirá: uma balança com a virtude num prato e a criminalidade (erros, ofensas, quedas, etc.) no outro. As regulagens desta balança não se dariam no sentido da direita para esquerda, porém no sentido de cima para baixo, de Deus para o Homem, de Kéter a Malkuth. Porque é quando Aishá ganha as faculdades mundanas e que perde suas sagradas, divinas e celestiais. É quando o ser humano medita, reza; libertando-se das realizações da matéria, purificando a sua mente que readquire aquelas qualidades perdidas na descida de segmento divino.

A Gênesis Oculta

Do teor das discussões entre os rabinos do Zohar, tem um trecho muito significativo, uma pergunta: MI BARA ELEH? Quem fez aquilo? A resposta é a junção de duas palavras MI e ELEH (ELOHIM): “Quando o mistério dos mistérios quis se manifestar produziu um simples ponto que foi transmutado em pensamento e este pensamento realizou inúmeros traços e gravou inúmeros desenhos. Logo gravou a Centelha Sagrada (Zohar), com um traço muito misterioso e sagrada que foi uma obra maravilhosa saída do melhor pensamento. Assim foi a Origem da Obra, existindo e não existindo, profundamente oculta, inominável; chamou-a simplesmente de MI (Quem). Deixou manifestar-se e foi chamada por seu nome. Revestiu-se então de uma preciosa vestidura de resplendor (Zohar) e criou ELEH que foi o seu nome. As letras das duas palavras MI e ELEH se reúnem para formar o Nome… Elohim…”.

A Criação do Homem

Houve um momento em que a natureza era desprovida da vida, pelo menos humana, embora já dispusesse dos elementos e possibilidades latentes. O próximo passo foi iluminar este palco para o cenário do aparecimento do homem. Os ingredientes necessários para a ação eram definidos para que fossem compreendidos durante e depois… Se há um mito fundamental na cultura ocidental, é o da criação bíblica de Adão.

O texto da Torá (Pentateuco – 5 livros de Moisés, dos quais o Gênesis é o primeiro livro) nos quer mostrar a criação do universo como expressão da Vontade Divina (no enfoque da Cabala) a criação obedece a um propósito, e portanto é o princípio de tudo, e não somente a criação em si, mas a Providência, isto é, Deus como criador, legislador e Condutor do Universo. O Gênesis apresenta a grande vantagem de evocar a relação entre o homem e a imagem. E esta nossa reflexão é a respeito disso. Um drama que se desenrola no céu? O mito da criação de Adão e Eva oferece a oportunidade de uma interrogação que podemos supor meta-histórica e sincrônica a respeito do homem, atemporalidade da história humana manifestando dia-dia o mesmo processo.

Sabemos através do Livro do Gênesis (1:27) que Adão, criado inicialmente macho e fêmea, carrega em s eu seio uma questão implícita (Gênesis, 1:26). Elohim diz a Si mesmo: “Faremos Adão a nossa imagem, conforme a nossa semelhança?” Em seguida ele estabelece, afirmando sua resposta: “Elohim cria Adão a sua imagem, à imagem de Elohim ele o cria,macho e fêmea, ele os cria” (Gênesis 1:27). Esta dinâmica criativa supõe, como há uma
dimensão masculina e feminina, que haja o casamento com a integralidade da imagem antes de pretender uma possível semelhança, este último termo, apreendido etimologicamente como expressão de uma analogia com o divino, incita a uma ontologia integral. Com quem Deus estava falando?

A resposta é simples: Deus estava falando com a mesma entidade com quem falou nos dias precedentes – o universo inteiro! Deus na verdade está dizendo: “Que o cosmos (e tudo que nele existe) e Eu façamos o homem”. Então, duas questões sobrepostas uma na outra se colocam: O que é criar? O que é chamado de imagem? Em hebraico, na ótica de uma reflexão simbólica sobre as palavras, o verbo criar, “Bara”, evoca, por suas letras, tanto uma dualidade por projeção das forças divinas, como uma construção vinda do centro, tendo como resultado uma produção ativa.

Esta primeira análise coloca em evidência o movimento ao mesmo tempo dual e unido que se desenrola dos dois lados da letra “Resh”, que simboliza a cabeça.

Criar evoca a ação de ir de um lugar a outro, de ir e de vir, ou ainda o nascimento e o devir, imagens que não deixam de sugerir nosso moderno conceito de espaço-temporalidade. Sem entrar no detalhe da simbólica que sustenta esta análise, saibamos que “criar”, compõe, com suas duas últimas letras, o radical do verbo “ver”, evocando também a relação com a luz, “Ra”.

No Gênesis (1:1) o verbo “criar” é usado pela primeira vez no primeiro versículo, “Bereshit Bara Elohim”, que é habitualmente traduzido por “no princípio” ou “no começo, Deus cria”. Mas é evidente que “criar”, Bara, remete diretamente à primeira palavra Bereshit, que é composta por seis letras, das quais as três primeiras compõem precisamente o verbo “criar”. As três letras seguintes de Bereshit, “Shit”, oferecem, por sua vez, uma palavra chave derivada, “Shin-iod”, que evoca o “falar”, o cantar, ou ainda “entreter-se”, “orar”, “meditar” e “lamentar-se”.

Esta maneira de jogar com as palavras, ainda que possa chocar algumas pessoas, é lassicamente utilizada nas práticas cabalísticas judaicas. O início principal se declinaria então nesse jogo das letras como a relação diferenciada e conjugada do “ver” Raah (Ra) e do “falar” Siah (Shi) entre o começo (Bet) e o fim (Tav) do ato criador e, nesse ato de criação, o ver precede o falar, o último estando, no entanto indissoluvelmente ligado ao primeiro. Este mito confirma o que foi descrito acima sobre o processo de humanização: a imaginação precede a palavra, sem que haja, no entanto, separação radical entre elas.

A segunda questão que vamos colocar é a da imagem. Qual é então a imagem de Deus? Podemos supor que este andrógino macho e fêmeo seja análogo ao “ver” e ao “falar”. A criação de Adão, nós o sabemos, é representativa da criação do humano. Esta criação à “imagem” não descreve um modelo antropomórfico, mas refere-se ao princípio da criação tal como é expresso pelo “Bereshit” e os sete dias da Gênesis, o universo microcosmo
humano sendo semelhante ao grande universo macrocosmo do qual fala a primeira parte do Livro do Gênesis. “A imagem”, Tselem em hebreu, é Tsel, “a sombra”, a profundeza obscura, o abismo, as águas “Mem”, necessariamente múltiplas como os muitos níveis de realidade.

Se a Torá afirma que Deus não tem forma, qual o significado do versículo: “E Deus disse: Façamos o homem à Nossa imagem e semelhança” (Gênesis 1:26)? E a quem Ele estava falando? Poderia ser um engano da língua Divina? “E Deus disse: Modelemos [Deus e as Criações] a humanidade em nossa essência, então ele será como nós, e [somente então] eles [a raça humana] dominarão os peixes do mar, as aves do céu e os animais, e toda a terra, e tudo que se mover sobre a terra”. O homem é a única criatura a ser apresentada individualmente na cena, porque o Homem é o ponto alto da criação.

Tudo foi criado para ele e seu uso. Está subentendido que o Homem é, portanto considerado responsável por suas ações, pois estas afetam não apenas a ele, como também todas as criaturas de Deus. O Homem não foi feito “segundo sua espécie” como um animal, em grandes quantidades, mas “… à Nossa imagem” como Deus, como um único indivíduo. Assim como Deus é Um, assim também o homem foi criado Um.

O ser humano é a mais complexa de todas as criaturas. Sua existência é uma batalha constante de forças opostas puxando-o em direções diferentes. Não admira que o homem seja a única criatura que busca a terapia! Sua dualidade se estende até os extremos de todos os espectros: desde a fúria infundada até atos absurdos de bondade, da inspiração enérgica à depressão patética, da crueldade ao altruísmo, da consciência à indiferença, da espiritualidade ao materialismo. É como se todas as forças da natureza estivessem comprimidas em uma pequena criatura chamado Homem.

Porém, o homem é também da essência de Deus, como está explicado no versículo: (Gênesis 1:27): “… na essência de Elohim Ele o criou.” A costumeira má tradução erra ao traduzir: “à imagem de Deus Ele o criou” – mas não foi o que acabamos de ler? O que a Torá está nos dizendo é que o homem foi feito similar a Elohim, (um dos nomes Divinos, que significa “juiz”) Em outras palavras: À imagem do Juízo Ele o criou. Ter a “imagem” de Deus significa não apenas possuir ânsias espirituais como somente o Homem possui, como também a habilidade de julgar entre opções moralmente boas ou más. Deus criou o homem para que ele pudesse “dominar os peixes…”

Estou certo de que Deus poderia ter pensado em um propósito melhor para o homem!”… e [somente então] eles [a raça humana] dominarão os peixes do mar, e as aves do céu e os animais e tudo sobre a terra, e tudo que se mover sobre a terra”. Quando o homem atinge este já mencionado equilíbrio entre o material e o espiritual, ele na verdade “domina os peixes do mar…” e toda a matéria física (exceto outras pessoas!). Ele demonstra que está um ponto acima deles… e atinge o próprio pináculo da Criação, tornando-se um parceiro do Próprio Deus na Criação.

Quando o tentador ofereceu o fruto proibido (Gênesis 3:5), diz: “vossos olhos se abrirão e sereis como Elohim”, promessa de um porvir dependendo de uma visão, a ordem original se inverte. A esperteza proposta pela serpente consiste em dizer ao princípio feminino para suplantar o masculino interior e inverter a ordem, graças a uma suposta aptidão para atingir diretamente a semelhança, (“como Elohim”) sem a mediação do “ver”, da luz
não dual, pelo simples poder da palavra tornada dual. A serpente torna-se barreira às bodas do esposo e da esposa pela negação do “ver” original, criando a ilusão de uma possível unidade que a dispensaria.

Eva, como sujeito atuante, como palavra que permanece no pensamento, possui uma virtude imanente que procura um acesso direto à transcendência pela dualidade da língua serpentina e pela mera intelectualidade, que simboliza o consumo do fruto proibido, que sabemos permitir o conhecimento do bem e do mal. A falta consiste em comer um fruto cuja Árvore, colocada no centro do Paraíso, supõe, como o ato criador, aptidões integradoras e unificadoras subentendidas por uma dualidade operativa que Eva não possui.

Esse conhecimento, inicialmente contraditório, portado pelo “ver”, com o exílio do Paraíso, passa a ser sustentado pelo princípio de não contradição que separa o bem e o mal, um excluindo o outro. O feminino absorve a dualidade, que passa a ser juiz, racionalizando em bem e em mal, sem passar
previamente pela integração, pela unificação do “ver”. O lado sombra, na imagem, perverte-se, querendo ter acesso diretamente à unidade, à semelhança, falando a “linguagem da serpente”, ao invés de usar conjuntamente a “linguagem dos pássaros” não dual, intimamente associada à visão simbólica. Desposar a imagem supõe, ao contrário, unificar a totalidade das águas, aquelas do “ver”, masculino – sugerindo, etimologicamente, a capacidade para recordar, em hebraico -, e aquelas do “falar” feminino – como matriz como realização do “ver” em parábola.

Uma terceira questão resulta das outras duas, fundando os diferentes níveis de realidade. Depois de ter comido o fruto, Deus faz a seguinte pergunta surpreendente a Adão: “Adão, onde estás?” (Gênesis 3:9), o que deixa entrever várias interpretações, entre as quais a primeira sugere que Adão já não estava diretamente acessível ao olhar de Deus. Um e outro já não se veem. Podem apenas se ouvir (Gênesis 3:8). Mas fazendo esta pergunta: “Onde estás?”, Deus leva também Adão a se questionar sobre o seu ser, sobre o significado de seu ato, sobre a essência de sua pessoa.

A transgressão faz perder um lugar, uma topologia edênica, para atingir outro lugar, onde Adão está desde então. Esta questão apresenta um paradoxo. Adão, videntemente, está onde ele está. Mas se Deus faz esta pergunta é porque a relação está cortada, é porque Adão se perdeu. A declaração divina inaugura a interrogação sobre si mesmo como abordagem paradoxal do “quem sou eu?”, questão ligada necessariamente ao “onde estou eu?”.

A busca ontológica do sujeito, pelo consumo do fruto da árvore, não pode se dissociar da procura de níveis de realidade, ela mesma relacionada com os níveis de conhecimento, pois, desde então, distinguem pelo menos três níveis: 1) o de Deus, 2) o do Paraíso e de sua terra celeste (“Adamah”), e, por fim, 3) o da natureza terrestre sustentada por “Erets”, a terra seca da manifestação física. No novo lugar de exílio, a busca de si mesmo de Adão consistirá desde então em uma dupla interrogação: saber quem somos torna-se indissociável de saber onde estamos.

Esta nova atividade cognitiva, conseqüência da passagem de um lugar a outro, faz sair de si mesmo, esquecer-se de si mesmo para esperar, talvez, reencontrar-se. Todo o problema consiste então no discernimento dos lugares: um interior, que especificaria a identidade; outro exterior, que manifestaria a identificação, a falsa identidade. A autobiografia, o “conhece-te a ti mesmo”, a busca iniciática, levam à interrogação simultânea a respeito dos dois lugares de nossa morada, um pertencendo ao universo exterior e o outro à s divindades interiores. Todavia, para essa busca não basta uma reflexão sobre a nossa vida, não basta escrevermos os eventos [da nossa vida], pois isso só manifesta uma das duas faces indispensáveis desse questionamento.

Se em seu ato de separação o casal das forças anímicas deixa de ver Deus, ainda pode escutá-lo (Gênesis 3:8). A visão interior está cortada, mas a escuta interior da Palavra ainda é possível, com a condição de que ela seja distinguida da palavra da serpente. Subtraída à visão divina, tornada inconsciente, a dupla face do homem – confundida, no ato da separação, com o corpo de pele, com a irreversibilidade do futuro temporal, com a morte e com o despertar da consciência dual – traz em seu interior apenas virtualmente a plenitude de uma ontologia integral.

O drama no Céu coloca o mistério da visão da natureza celeste e do conhecimento real. Inicialmente, a serpente se opõe à ordem divina de não comer o fruto da Árvore, sugerindo, (Gênesis 3:5) ao contrário, o consumo do fruto, “pois Elohim sabe que no dia em que comerdes dele, vossos olhos se abrirão e sereis como Elohim”. A tentação sugerida pela serpente não se dirige ao mesmo nível que aquele de onde Deus fala no Paraíso. Ela tem como conseqüência o dualismo não ontológico entre visão e voz inerente ao exílio da terra original, dualismo no qual a voz toma a dianteira em relação à visão, invertendo a ordenação inicial.

Separando-se de Deus, depois da imagem ela mesma, o homem espera resolver seu sofrimento por meio do conhecimento do mundo que o cerca e que o remete a si mesmo. Resta-lhe escutar a voz, “Shema Israel”, no silêncio que reorienta para a Terra prometida, para o Oriente das Luzes teofânicas. Coloca-se então um duplo problema, o do nosso monólogo e o da nossa imaginação, o da natureza do nosso discurso e o da natureza das
nossas visões. Quem fala? Quem vê? Onde? Em qual lugar de nós mesmos nós vemos, nós escutamos? Qual é o lugar da palavra e da visão? A tentação é da ordem do consciente, como o conhecimento objetivo de fora. A Imagem, a Forma verdadeira, o Nome estão selados em nossas profundezas como o conhecimento de dentro.

O adversário, a serpente, dirige-se a Ishá, a esposa, à parte que está desperta enquanto Adão dorme. Na verdade há um ser diurno e um ser noturno. O problema é o acesso ao ser noturno, ou, mais exatamente, à relação entre um e outro. Se o exílio neste mundo é um nascimento existencial, o ato que renova a aliança com a nossa polaridade noturna é um “segundo nascimento”, não-dualidade, exílio do exílio, retorno ao mundo das visões,
acesso ao mundo imaginário. A questão que então se coloca é perceber o processo de separação e de relação entre o consciente e o inconsciente, entre a dualidade e a não-dualidade. É preciso poder apreender o que é o Mesmo, o semelhante e o que é o Outro, o diferente, a fim de distinguir e religar as duas faces de nossa natureza humana.

Portanto, há realmente no universo da imaginação diferentes níveis de conhecimento que respondem à questão colocada a Adão: “Onde estás?”, e nos quais a resistência oferecida pelo objeto deve ser penetrada pela imaginação cognitiva do sujeito, de acordo com as modalidades próprias a cada um dos níveis de realidade. O pensamento dualista, mediante seu princípio de razão suficiente, operando por dedução, pretende reduzir imediatamente a diferenciação de níveis distintos a uma alternativa entre ilusão e exclusão quando aborda o imaginário.

Ele [o pensamento dualista] cria uma separação entre duas determinações, o verdadeiro e o falso que dividem o campo dado. Nessa alternativa, o verdadeiro necessariamente rejeita a imaginação. Por outro lado, o pensamento complexo e a lógica do terceiro incluído consideram vários níveis de percepção ou de imaginação.

Conclusão:

O que foi criado até agora, poderá ter sido ou não notado pela humanidade e quando descobrimos algo “novo” criado há milênios e do que não tínhamos conhecimento, tudo parece como se fosse novidade. E assim, o passado e o futuro são o presente da cabala. Não há nenhuma fórmula mágica que vá, além disso. Logo é a Cabala Dogmática que nos leva a uma maior e mais profunda reflexão sobre o binômio Homem X Universo. Aos poucos vamos entender o que é o Criador (Adon Olam – Senhor do Universo) e de que dispõe em potencial que poderá ser ou não ser utilizado pelo homem sem que haja uma busca, incentivo ou mecanismo que agilize ou estimule a sua manifestação.

Notas:

1 – O livro Gênesis, cujo primeiro capítulo solicito que todos lessem, é um exemplo notável de uma importante obra metafísica que se tornou quase ininteligível devido à interpretação errônea e má tradução. Todo o esforço deve ser envidado para compreendê-lo, porque ele é um princípio básico no estudo da Cabala. Poder-se-ia mesmo dizer que toda a Cabala Dogmática está contida no primeiro capítulo de Gênese.

2 – Para efeito de tarefa nos estudos, pediria que todos compartilhassem a sua experiência com pessoas que estão em seu raio de ação. Pois o mundo em que vivemos interage em nossas vidas (físico, mental e espiritual), pois a cabala não se pratica isoladamente.

Rio de Janeiro, 11 de janeiro de 2014

Shalom!!!

Marcos Moura